Boato – Bastou o presidente Joe Biden assumir a Presidência dos Estados Unidos para ele e o American Journal of Medicine passarem a recomendar o uso da hidroxicloroquina para combater a Covid-19.
Mesmo com todas as evidências científicas apontando que a hidroxicloroquina (ou outras variantes da cloroquina) não tem eficácia no tratamento da Covid-19, ainda tem gente que insiste em bater na tecla de que o remédio é eficaz e que isso “já foi comprovado”.
A última das histórias surgiu nesta semana. De acordo com mensagens que circularam em redes sociais (em alguns casos de pessoas influentes na direita brasileira), foi só Joe Biden assumir a Presidência dos Estados Unidos que o uso de hidroxicloroquina passou a ser recomendado. A prova disso seria um artigo no American Journal of Medicine sobre o antimálarico. Leia algumas das versões da mensagem que circula online:
Versão 1: Acredite ou não, foi Joi Biden assumir a presidência dos EUA, que o tratamento precoce com cloroquina azitromicina e ivermectina foi recomendado em toda América, na cara dura esquerda maldita!
Versão 2: Um dia após a posse de Biden, órgãos americanos passaram a recomendar a hidroxicloroqiina e azitromicina. Após a posse #Biden Agora indicaram cloroquina… pois já ganhou né.. Não precisa mais prejudicar #trump #BolsonaroTemRazao Onde pode chegar pessoas sem escrúpulos e caráter.. Por poder. Matar tantas vidas no mundo todo. Misericórdia Senhor
Versão 3: De repente, e não mais que de repente, a hidroxicloroquina passou a ser recomendada no American Journal of Medicine. O que aconteceu essa semana para que o medicamento se tornasse aceitável e recomendado pela comunidade médica no tratamento da Covid?
Biden e American Journal of Medicine recomendam uso da hidroxicloroquina?
Vocês conseguiram perceber toda a narrativa aplicada na história. Em poucas mensagens, foi “levantada a bola” de que a hidroxicloroquina é eficaz contra a Covid-19 e de que Joe Biden (e seus aliados, incluindo a imprensa e as redes sociais) estavam escondendo isso apenas para que Donald Trump fosse prejudicado. Só há um “problema’: a narrativa é falsa.
Temos mentiras em diversos níveis na colocação. A primeira delas e mais elementar é a que aponta que Biden “liberou” o uso da hidroxicloroquina, azitromicina e o tal “tratamento precoce” após a sua posse. Não é verdade.
Ao contrário disso. Em uma entrevista coletiva, o diretor do CDC, Anthony Fauci, chegou até a criticar a insistência que Donald Trump tinha com a cloroquina e disse que, neste sentido, trabalhar com Joe Biden “é libertador”.
Também é falsa a informação que aponta que American Journal of Medicine passou a recomendar o uso da hidroxicloroquina para o tratamento contra a Covid-19. Só neste sentido, temos uma mentira em dois níveis.
Para começar, não é verdade que o American Journal of Medicine publicou “apenas após a posse de Biden” um artigo falando sobre o tratamento com a hidroxicloroquina. Esse artigo já estava publicado desde agosto do ano passado. E aí chegamos ao segundo ponto.
No início do ano, quando o Ministério da Saúde (que hoje nega que está incentivando o “tratamento precoce” com hidroxicloroquina, ivermectina e outros fármacos contra a Covid-19) publicou no Twitter um comentário sobre o artigo do American Journal of Medicine, o próprio editor da revista científica negou o endosso ao medicamento.
Nesta matéria, publicada no blog de Lauro Jardim no O Globo, Joseph Alper desmentiu a informação. Ele explicou que a recomendação foi baseada em um estudo in vitro, mas que estudos mais recentes não endossam a recomendação.
E aí chegamos ao último fake. Uma vez que Biden e a American Journal of Medicine continuam não recomendando o uso da hidroxicloroquina, não é verdade que tudo faz parte de um plano para derrotar Trump. Donald Trump perdeu nas urnas e o que sair disso é chororô de quem foi derrotado.
Resumindo: a história que aponta que Joe Biden e o American Journal of Medicine passaram a recomendar o uso da hidroxicloroquina é falsa. Como é o certo a se fazer com um fármaco que não tem eficácia comprovada, o novo presidente dos Estados Unidos e a revista científica não endossam o uso do medicamento contra a Covid-19.
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