Com a supervisão do editor do Boatos.org, alunos do Distrito Federal desmentiram alegações falsas sobre a vacina contra o HPV. O conteúdo faz parte do projeto “Conhecimento é vacina para a desinformação”.
Em 2023, Edgard Matsuki, editor do Boatos.org, participou novamente da segunda edição do projeto “Conhecimento é vacina para a desinformação”, idealizado pela jornalista Gracielly Bittencourt.
Neste ano, alunos do 8º ano do Centro de Ensino Fundamental Queima Lençol (localizado na região administrativa da Fercal, no Distrito Federal) e do Centro de Ensino Médio Urso Branco (localizado na região administrativa do Núcleo Bandeirante, também no DF) assistiram a uma palestra sobre desinformação e uma oficina para a produção de conteúdo de checagem sobre alegações falsas relacionadas à vacina contra o HPV.
Confira o vídeo sobre o projeto
A primeira edição (na escola Queima Lençol) de 2023 foi realizada nos dias 30 e 31 de outubro. Já a segunda edição (na escola Urso Branco) foi realizada nos dias 23 e 24 de novembro. Além da participação de Edgard Matsuki e Gracielly Bittencourt, a oficina também contou com a participação da pesquisadora da Fiocruz Kathlen Deruci (que tirou dúvidas sobre a vacinação) e do repórter cinematográfico Claiton Freitas.
Os conteúdos incluem textos produzidos pelos alunos sob supervisão do editor do Boatos.org, áudios, vídeos e ilustrações (à mão e digitais) sobre o tema. Ao todo, foram desmentidas quatro alegações falsas e de senso comum sobre a vacinação contra o HPV. O conteúdo pode ser lido nos tópicos abaixo:
Quatro alegações falsas sobre a vacina contra o HPV desmentidas:
1) As vacinas contra o HPV fazem mal para as pessoas?
Por Anna Luisa Barbosa, Kauane Gonçalves, Emanuelly de Jesus, Vitor Emanuel Costa e Allana Brás (escola Queima Lençol).
Não é de hoje que circulam na internet alegações que apontam que as vacinas não seriam seguras, poderiam causar doenças e levar à morte. O fato é que, de uma maneira geral, a vacinação apresenta poucos riscos à saúde de uma pessoa.
A pesquisadora Kathlen Deruci, da Fiocruz, aponta que efeitos colaterais das vacinas contra o HPV podem ocorrer em casos raros (assim como de qualquer medicação) e que os benefícios superam os riscos.
Artigos como este ressaltam que a cultura da vacinação possibilitou a erradicação de doenças como a poliomielite no Brasil. Ou seja: as vacinas não fazem mal para as pessoas. No caso da contra o HPV, elas servem para proteger a população.
2) A vacina contra o HPV não protege as pessoas contra doenças?
Por João Felipe Melo, Samuel Oliveira, Enthony Marques, Carlos Guimarães, Lucas Conceição, Yago Almeida, Luiz Fernando Farias (escola Queima Lençol); Nicolas Nunes Siqueira, Ruth Beatriz, Laura Brito e João Paulo Câmara (escola Urso Branco).
Ao contrário do que apontam algumas mensagens na internet, as vacinas contra o HPV protegem sim. São muitos os motivos que mostram que a vacina protege contra doenças, mas vamos ficar em alguns.
A vacina contra o HPV tem cobertura mundial, sendo disponibilizada, por exemplo, em diversos países desenvolvidos. Entre os estudos que observam a infalibilidade da vacina, é possível ver a comprovação de que as pessoas que tomam a vacina contra o HPV estão imunes a pegar o vírus. Um exemplo é este estudo publicado na revista científica BMJ que atesta a eficácia da vacina.
Para quem não sabe, a vacina previne ao entregar ao corpo humano uma versão mais fraca desse vírus preparando o corpo humano para combater a “versão real” do vírus. Então não acredite em informações falsas e se previna contra o HPV, tomem a vacina.
Confira o desmentido em áudio
*Feito por João Paulo Câmara
3) É muito caro para se vacinar contra o HPV?
Por Pietro Suarez, Luan Kelvis, Kauane Oliveira, Luiz Carvalho, Manu Alves, Kauan Silva, Bia Batista e Maria Clara Mendes (escola Queima Lençol); Álvaro Fernandes (escola Urso Branco).
Muita gente não se interessa em tomar a vacina contra o HPV porque acredita que ela é muito cara. A informação seria real se não fosse o fato de a vacina contra o HPV no SUS ser de graça. Ter a vacina disponível é um direito dos adolescentes.
Desde 2014, a vacina HPV é oferecida gratuitamente pelo sistema único de saúde (SUS) para meninas e meninos de 9 a 14 anos. Em alguns casos especiais, a vacina acaba sendo ofertada para outras faixas etárias gratuitamente.
Caso a pessoa não tome a vacina na idade recomendada (a escolha se dá por ser antes do início da vida sexual), ela precisa tomar na rede privada. Em clínicas privadas, a vacina contra o HPV custa cerca de R$ 1.000. Ou seja: é melhor tomar a vacina na idade que deve se tomar para que não seja muito caro se proteger contra o HPV.
Confira o desmentido em áudio
*Feito por Álvaro Fernandes
4) Meninos não precisam se vacinar contra o HPV porque não ficam doentes?
Por Vitor Emanuel, Gustavo Silva e Jefferson da Silva (escola Queima Lençol); Isadora Labanca, Raquel do Nascimento e Karini Scardua (escola Urso Branco).
Uma das alegações de quem não toma a vacina do HPV é a de que os homens não precisam se prevenir do papilomavírus humano por ele ser o principal causador do câncer de útero. Isso é falso.
Os meninos têm que se prevenir e tomar a vacina por alguns motivos. Um deles é porque os homens que têm a doença (por não se vacinar) podem transmitir o HPV pela relação sexual e prejudicar mulheres.
Além disso, a pesquisadora Kethlen Deruci alerta que o HPV (ao contrário do que muitos pensam) pode causar doenças também em meninos. “O HPV também pode causar câncer nos meninos”, diz. Ou seja: seja menino ou menina, tome a vacina antes dos 14 anos. Se você não tomou, procure tomar.
Confira o desmentido em áudio
Feito por Isadora Labanca, Raquel do Nascimento e Karini Scardua
Bônus – Um poema e ilustrações sobre as vacinas contra o HPV
Poema #1 e Ilustração #1 – Uma homenagem à vacina e Leonardo Da Vinci (por Arthur Isaias)
Na dança do corpo, a vacina é mestra,
Um escudo pintado na tela da floresta.
Como Leonardo, que estudou o cadáver,
A vacina aprende, para o perigo encarar.
Imunidade é a arte, o sistema a criar,
Anticorpos como pincéis a pintar.
Vacinas são como guias nessa jornada,
Protegendo-nos da doença, obra sagrada