Boato – Coronavac não passou por fase 3 de testes clínicos na China porque decidiu que brasileiros serão usados como cobaias
A vacinação contra a Covid-19 já está adiantada em muitos estados e, com isso, além de profissionais da saúde, idosos também já estão sendo imunizados contra a doença e respirando aliviados.
Apesar da boa evolução na campanha de vacinação, há ainda quem acredite (erroneamente) que as vacinas não são seguras. De acordo com uma história que está circulando nas redes sociais, a vacina Coronavac não teria passado pela fase 3 dos testes clínicos realizados na China. Ainda segundo a publicação, os brasileiros estariam sendo usados como cobaias do imunizante. Confira:
Versão 1: “Saiu uma notícia de que a Coronavac não passou pela fase 3 de testes na China. Ora, os brasileiros são as maiores cobaias voluntárias da China nos testes da vacina. A fase 3, meus queridos, são vocês!”. Versão 2: “Coronavírus: CoronaVac não teve fase 3 de testagem na China”. Versão 3: “Claro que não, as cobaias são os Brasileiros!”.
China não teve fase 3 da Coronavac porque quer que brasileiros sejam cobaias?
É claro que a informação caiu como uma bomba nas redes sociais, especialmente, no Twitter e no Facebook e deixou o movimento antivacina animado. Entretanto, a história não passa de balela.
Ao longo da pandemia, informações falsas sobre as vacinas (principalmente sobre a Coronavac) pipocaram bastante na internet. A equipe do Boatos.org já desmentiu diversas delas, como a que dizia que um indígena teria morrido após se vacinar com a Coronavac. Também a que indicava que a vacina contra a Covid-19 seria mais perigosa do que o próprio vírus e, por fim, a que apontava que a eficácia global da Coronavac seria menor do que a exigida pela Anvisa.
Resolvemos, então, buscar por mais informações. De fato, a China não realizou uma terceira fase de testes da Coronavac em território chinês. Porém, não é verdade que os brasileiros estão sendo usados como cobaias.
Tanto a fase 1 quanto a 2 foram realizadas na China. Como já explicamos por aqui, as primeiras fases são as mais complicadas e arriscadas, porque é justamente na fase 1 e 2 que os pesquisadores buscam identificar a segurança e a dosagem ideal do imunizante. Se algo é para dar errado, é mais provável que isso aconteça nas primeiras fases, uma vez que os cientistas estão buscando informações sobre a segurança dos componentes da vacina e da dosagem.
A fase 3 de testes da Coronavac ocorreu em diversos países e existe uma explicação bastante plausível para isso. Para que os testes clínicos tenham um resultado conclusivo, é necessário que alguns voluntários sejam expostos e infectados pela Covid-19. No caso do Brasil, o cenário era perfeito, uma vez que a pandemia estava descontrolada no país. Enquanto isso, na China, a doença conseguiu ser controlada. Ou seja, para atingir o número de infectados necessários, certamente, os voluntários do país chinês precisariam de mais tempo (coisa que o mundo todo não tem). Por isso, o Brasil foi considerado o lugar ideal para a realização da fase 3 de algumas vacinas.
Por fim, é importante destacar que já desmentimos por aqui essa história de que os brasileiros estariam sendo usados como cobaias. A explicação é simples e objetiva: a vacina Coronavac foi avaliada e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Sem a aprovação da agência reguladora, nenhuma vacina pode ser aplicada de forma massiva. A aprovação da agência reguladora significa que o imunizante atingiu a eficácia mínima exigida e seguiu toda a metodologia científica proposta. Ou seja, é um atestado de bom funcionamento, segurança e eficácia.
Em resumo: a história que diz que a China não teve a fase 3 de testes da Coronavac e que os brasileiros seriam usados como cobaias é falsa! A China realizou as fases 1 e 2 dos testes clínicos em território chinês (justamente as fases mais complicadas, que envolvem a descoberta da segurança e dosagem limite do imunizante). A fase 3 foi realizada em outros países, porque ela necessita que os voluntários sejam infectados para que os cientistas possam analisar a eficácia do imunizante. Por fim, a Anvisa (que tem a palavra final sobre o uso da vacina) aprovou o uso do imunizante.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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