Boato – Uma cobaia de Doria relatou que passou mal após tomar a vacina da China contra a Covid-19. A médica Jackeline Desiderrio, da ONG Human’Aids, contou que sentiu febre e dor por causa da medicação.
Há mais de quatro meses de quarentena por conta da pandemia do novo coronavírus, finalmente, parece que estamos próximos de conhecer a vacina (ou mais) que vai ajudar a imunizar toda a população contra o vírus que causa a Covid-19. Uma notícia boa em meio ao triste número de mais de 87 mil mortes aqui no Brasil em decorrência da doença.
E já que o assunto é vacina contra o coronavírus, uma publicação que começou a circular recentemente nas redes sociais, especialmente no Facebook, dá conta de que uma suposta “cobaia” do governador João Doria (SP) teria relatado que passou mal após tomar a vacina da China contra a Covid-19.
Jackeline Desiderrio, suposta médica da ONG Human’Aids que teria se voluntariado para testar o imunizador chinês e seria a então “cobaia” de Doria, supostamente, relatou que sentiu febre e dor após tomar a medicação. Confira, a seguir, o texto original da publicação que está rodando online:
COBAIA DO DÓRIA QUE TOMOU A VACINA. “Comecei a me sentir indisposta, enorme moleza no corpo, muito sono, cansaço e febre de 38 graus, meu corpo inteiro começou a doer; e os olhos a lacrimejar, a dor no braço é absurda, mal posso levantá-lo”.
Cobaia de Doria relatou que passou mal após tomar vacina da China contra Covid-19?
Obviamente, a postagem viralizou rapidamente, especialmente entre internautas contrários ao atual governo de São Paulo. Mas será mesmo que a “cobaia” de Doria relatou que passou mal após tomar vacina da China contra a Covid-19? A resposta é não! E o porquê você confere a seguir.
Para começar, a mensagem da publicação que está sendo compartilhada carrega algumas das características mais comuns de fake news: é vaga (não diz quando a suposta médica voluntária teria se tornado a tal “cobaia” de Doria e tomado a vacina), alarmista (tem o intuito de causar debate político nas redes sociais) e possui erros de português.
Além disso, não é de agora que surgem boatos na internet “contra a vacina chinesa contra a Covid-19”. Aqui mesmo no Boatos.org, nós já desmentimos alguns deles, como o que dizia que a vacina da China contra o coronavírus seria feita de fetos de bebês abortados; outro que apontava que Doria teria sido o primeiro a testar a vacina chinesa e, na ocasião, supostamente, ele e a enfermeira estavam sem máscaras e luvas; ou, ainda, aquela história absurda de que a empresa chinesa responsável por fabricar a vacina contra a Covid-19 vendia vacinas falsas contra pólio, tétano e difteria.
No nosso caso de hoje, ao contrário do que acontece com a maioria dos boatos online, a publicação citou uma fonte confiável, a Revista Marie Claire. No entanto, como é possível verificar no link para o qual a postagem aponta, o tal relato da médica voluntária não foi relacionado à vacina chinesa, mas sim à vacina de Oxford, que, inclusive, está em fase avançada de testes aqui no Brasil.
Jackeline Desiderrio, médica carioca da ONG Human’Aids, contou que se voluntariou em junho para testar a vacina de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. Em julho, recebeu um telefonema informando que foi aprovada para fazer parte da fase 3 de testes (em humanos) do experimento e que, portanto, deveria comparecer ao centro de pesquisas e estudo Rede D’Or, no Rio de Janeiro, para realizar exames de sangue e urina, além de passar por uma verificação de peso, altura, pressão arterial, saturação e temperatura.
Segundo ela, a picada na hora da aplicação não doeu nada. Apenas um dia após tomar a vacina, relatou sentir dor no braço, febre, fadiga e sono, mas que os médicos já haviam explicado que são efeitos colaterais comuns em qualquer tipo de vacina.
Vale lembrar que, nessa fase de testes da vacina de Oxford contra a Covid-19, os voluntários foram divididos em dois grupos e receberam a vacina e o placebo, sem serem informados sobre qual tomaram. Logo, só será possível saber se os efeitos sentidos pela médica são da vacina ou do placebo ao final do estudo.
Por fim, apesar de o relato de Jackeline Desiderrio não ter relação com a vacina chinesa, como apontou o boato que está sendo compartilhado nas redes sociais, há sim grandes chances de haverem reações adversas com a sua administração, como dor local, dor de cabeça, febre e fadiga, assim como em outros tipos de vacinas. Mas, até o momento, os participantes dos testes não apresentaram efeitos colaterais graves.
Resumindo: A publicação que dá conta de que a “cobaia” de Doria passou mal após tomar a vacina da China contra a Covid-19 não é verdadeira. O relato da médica está relacionado à vacina de Oxford, e não à vacina chinesa, além do fato de que não há provas que indiquem que ela é “cobaia” do governador de São Paulo, já que a mesma se voluntariou ao experimento.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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