Boato – Corticoide dexametasona previne e cura pacientes com coronavírus em todos os tipos de casos. Corra a farmácia e garanta o seu remédio.
Ainda nem superamos a onda de fake news que juram de pé junto que a cloroquina (ou hidroxicloroquina) seria a solução para todos os problemas da Covid-19 (ou cura como você preferir), mais um tratamento mirabolante surgiu nas redes sociais. Dessa vez, a fórmula surgiu a partir de uma notícia real e positiva.
Nos últimos dias, pesquisadores britânicos, coordenados pela Universidade de Oxford, divulgaram dados preliminares sobre a atuação do corticoide dexametasona em pacientes com Covid-19 em estado grave. Segundo os cientistas, o medicamento poderia, de fato, diminuir a mortalidade de pacientes entubados.
Isso foi o suficiente para que muita gente saísse por aí cantando que o corticoide seria a grande solução para casa manter a Covid-19 distante. Nas redes sociais, não foi difícil encontrar publicações que apontavam que a dexametasona curaria a doença e poderia até prevenir a doença.
Dexametasona é a cura para a Covid-19 e previne o coronavírus?
Pois bem, assim como nos casos envolvendo outros medicamentos, a informação viralizou e causou um novo efeito cascata nas redes sociais. Mas, no final das contas, o a história de hoje termina como as outras: Não, a dexametasona não cura e nem previne a Covid-19.
Vamos aos detalhes! Em meio à uma enxurrada de novas publicações esperançosas (e até equivocadas), achamos ser pertinente (e prudente) esclarecer que os avanços apresentados no estudo britânico (diga-se de passagem, preliminar) são bem diferentes de encontrar uma cura.
No dia 16 de junho de 2020, pesquisadores britânicos divulgaram resultados preliminares positivos de um ensaio clínico com cerca de 11 mil pacientes no Reino Unido. O estudo buscava entender o efeito do corticoide dexametasona em pacientes infectados pela Covid-19.
Segundo os resultados divulgados, a dexametasona foi capaz de reduzir a mortalidade entre os pacientes que necessitavam de respiração assistida (isto é, casos muito graves) e também de oxigênio (casos graves). De acordo com o estudo, a dexametasona não mostrou benefícios em pacientes com casos leves da doença. De acordo com os cientistas, a dexametasona pode evitar uma em cada 8 mortes entre casos muito graves. Já nos casos graves, esse número cai para um em cada 25 óbitos. O que é promissor, mas não significa que seja a “cura” da doença.
A ação da dexametasona no organismo de pacientes infectados pela Covid-19 em estado muito grave ou grave se dá pelo combate à forte reação inflamatória desencadeada pela doença. Dessa forma, o medicamento não atua sobre o vírus. Pelo contrário, a dexametasona tenta amenizar a reação inflamatória ocasionada pela Covid-19, ajudando o organismo a não colapsar e, consequentemente, aumentando as chances de sobrevivência do paciente.
Por isso, o medicamento não traz benefícios para pacientes com quadros leves. Vale ressaltar que a automedicação não é recomendada nesse caso (na verdade, em nenhum), uma vez que a classe dos corticoides pode trazer riscos sérios à saúde. O uso indevido de medicamentos como a dexametasona pode causar perda de massa óssea, aumento da pressão arterial, do sódio e da glicose no sangue. Além disso, o uso contínuo de corticoides pode levar à uma queda na imunidade.
É importante destacar também que, assim como indica o professor do Instituto de Química, da Universidade Estadual de Campinas (SP), Luiz Carlos Dias, ainda é preciso cautela na análise dos dados da pesquisa, uma vez que o estudo ainda não foi publicado em revistas científicas revisadas por pares, atestando assim, sua validade.
Por fim, repetimos novamente: a Covid-19 ainda não tem cura! A Organização Mundial da Saúde (OMS) já disse não saber se pessoas recuperadas estariam imunes à doença. Além disso, ainda existe a possibilidade da mutação do vírus, a ausência de uma vacina ou um tratamento eficaz etc.
Em resumo: a história que diz que a dexametasona poderia curar e também previnir a Covid-19 é falsa! A verdade é que a dexametasona foi capaz de reduzir a mortalidade em casos muito graves ou graves. Mas não trouxe benefícios em quadro leves. Nesse sentido, o medicamento vem para ser um auxílio no tratamento da doença, não a cura. Ou seja, a história é apenas boato. Não compartilhe!
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99177-9164.
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