Confira a versão 2020 do desmentido sobre a fenilpropalamina neste link.
Boato – Cuidado. A fenilpropalamina foi proibida pela Anvisa, mas está presente em muitos antigripais brasileiros. Risco de morte.
Com o inverno se acirrando é quase inevitável deixar de tomar um daqueles “remedinhos para a gripe” que a gente vê na televisão. Salvo casos em que as pessoas apelam para tratamentos alternativos, o antigripal está sempre nas nossas gavetas. Pois bem, ele pode ser uma ameaça. Pelo menos de acordo com um texto que circula na internet.
A mensagem, está sendo compartilhada com força no WhatsApp e Facebook, aponta que a fenilpropalamina está presente nos remédios para a gripe. A substância teria sido proibida pela Anvisa e causa risco de morte. Leia o texto que circula online:
Medicamento proibido U R G E N T E – RISCO DE MORTE. Por favor, divulguem.
O Ministério da Saúde através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, suspendeu por meio da Resolução 96, a fabricação, distribuição, manipulação, comercialização e armazenagem de medicamentos com o principio ativo denominado FENILPROPALAMINA.
A medida foi tomada depois que a ‘Food and Drug Administration’, (FDA), dos Estados Unidos, constatou que a substância vinha provocando adversos FATAIS em usuários americanos (hemorragia cerebral). No Brasil a suspensão é preventiva, uma vez que não existem casos relatados. A FENILPROPALAMINA está presente em 22 medicamentos, especialmentenos anti-gripais. Os medicamentos suspensos são os seguintes:
1) Bernadryl dia e noite. 2)Contac 3) Naldecon Bristol 4) Acolde 5) Rinarin Expectorante 6) Deltap 7)! Desfenil 8) HCl de fenilpropalamina 9)Naldex 10) Nasaliv 11) Decongex Plus 12) Sanagripe 13)Descon 14)Descon AP 15) Descon Expectorante 16) Dimetapp 17) Dimetapp Expectorante 18)Ceracol Plus 19) Ornatrol 20) Rhinex AP 21) Contilen 22)Resfenol, Cimegripe, Multigrip.
Solicito, pois, a todos que estejam utilizando qualquer medicamento da lista acima, que suspendam a medicação e procurem o seu médico para maiores detalhes. Atenciosamente, MAURICI ARAGÃO TAVARES – Médico do Trabalho. CRM.SP.33006 *** POR FAVOR REPASSEM.**
Fenilpropalamina está em antigripais?
O alerta é um tanto quanto “alarmante” (desculpem a redundância) e deveria ser levado a sério se não fosse um detalhe: usa uma proibição real para criar um alarde falso. Vamos aos fatos.
Realmente, a fenilpropalamina acabou sendo proibida no Brasil no ano de 2000. Este aviso da Anvisa aponta a suspensão dos medicamentos (justamente os que estão na lista com exceção de Resfenol, Cimegripe, Multigrip. Esses devem ter sido colocados na listagem para dar “atualidade” a história). Porém, a própria agência teve que esclarecer em 2004 que a substância já não fazia parte dos medicamentos brasileiros.
Vamos calcular. Da proibição da fenilpropalamina até hoje já se passaram 16 anos. Ou seja, tempo suficiente para todos os remédios com o princípio ativo vencerem ou se esgotarem. Posso afirmar que é impossível alguém “tomar” por engano um remédio com a substância. A não ser que tome um medicamento muito, mas muito vencido.
Para sacramentar, o próprio médico citado na história se pronunciou a respeito do assunto. Olha o que ele disse por meio do Facebook:
Aos amigos e pacientes.
Circula agora no WhatsApp uma mensagem a respeito da fenilpropalamina que apareceu desde 2002 como sendo desse signatario a origem dessa mensagem. Leiam com atenção a reportagem que compartilho do Jornal Tribuna da Bahia de 2010 que esclarece todas as duvidas. NÃO HA FENILPROPALAMINA NOS MEDICAMENTOS CITADOS. TRATA-SE DE MENSAGEM FALSA. A TODOS QUE RECEBEREM SOLICITO NÃO REPASSAR.
Resumindo: a história é um boato criado com base em uma proibição real. Não há mais fenilpropalamina em remédios antigripais. Claro que o melhor é evitar tomar muitos medicamentos, mas se você estiver com aquela gripe, pode se cuidar sem medo.