Boato – Governo Bolsonaro suspendeu distribuição gratuita de medicamentos na rede pública para câncer, diabetes (como insulina) e transplantes.
Grande parte dos boatos que circulam online nascem de versões distorcidas de uma história real. Às vezes, são notícias, imagens e vídeos antigos ou fora de contexto. Esse é justamente o caso da nossa história de hoje, que trata da suspensão de remédios distribuídos na rede pública.
Depois da notícia (real) de que o Ministério da Saúde suspendeu contratos para fabricação de 18 medicamentos e uma vacina de distribuição gratuita na rede pública, uma história se espalhou feito pólvora no Facebook e no WhatsApp. O texto que circula online afirma que o governo interrompeu a distribuição de remédios gratuitos. Entre eles estão insulina, remédios para o câncer, doenças autoimune e outros medicamentos. Leia o que dizem algumas versões:
Versão 1: Monstro, perverso e desumano, essas palavras resumem o que Bolsonaro é. 30 milhões de pessoas podem morrer por falta de medicamentos. Bolsonaro suspende remédios gratuitos para 30 milhões de pessoas. A maior parte é para pacientes em tratamento contra o câncer, especialmente o de mama, o mais legal para mulheres. Versão 2: Governo Bolsonaro suspende contratos e 30 milhões de pessoas ficarão sem remédios gratuitos.
Versão 3: Lista dos remédios que terão distribuição interrompida pelo governo Bolsonaro. O governo da destruição do Estado, da vida e do extermínio da população. Adalimumabe – Artrite reumatóide. Bevacizumabe – Carcinoma colorretal metastático. Etanercepte – Artrite reumatoide. Everolimo – Câncer renal com metástases. Gosserrelina – Controle de leiomioma uterino. Infliximabe – Doença de Crohn, com colite ou retocolite ulcerativa. Insulina (NPH e Regular) – diabetes, insulina com reação rápida até 30 minutos. Leuprorrelina – Neoplasia da próstata. Rituximabe – inibição do fator de necrose tumoral (TNF). Sofosbuvir – infecções de hepatite C crônica (HCC) Trastuzumabe – Câncer de mama. Cabergolina – pacientes com adenomas hipofisários secretores de prolactina (micro e macroprolactinomas). Insulina – Diabetes. Pramipexol – Doença de Parkinson idiopática. Sevelâmer – Doença Renal Crônica (DRC) sob diálise. Trastuzumabe – Câncer de mama metastático que apresentam tumores HER2-positivo. Vacina Tetraviral – Contra o sarampo, a caxumba, a rubéola e catapora. Alfataliglicerase – Doença de Gaucher Tipo I.
Governo suspendeu a distribuição de insulina, remédio para câncer e outros medicamentos?
Para os que reprovam o governo Bolsonaro, o texto foi compartilhado com muita força. Mas, apesar da notícia da suspensão dos contratos ser real, o alerta sobre o cancelamento da distribuição é falso. Entenda os porquês.
Pois bem. A suspensão, de fato, existe. Entretanto, ela não trata da distribuição, mas sim de contratos com laboratórios públicos e privados para fabricação de 18 medicamentos e uma vacina de distribuição na rede pública. A decisão envolve laboratórios públicos, os quais haviam firmado contrato por meio das chamadas PDPs (parceria de desenvolvimento produtivo).
Em meio à onda de manifestações sobre o assunto, o próprio Ministério da Saúde veio à público esclarecer as informações. Segundo a pasta, a suspensão ocorre em função de uma decisão judicial que alega falta de cumprimento dos cronogramas e de investimentos na estrutura.
O Ministério informou ainda que as parcerias continuam vigentes e que estão apenas em “fase de suspensão” para que os laboratórios apresentem propostas para readequar o cronograma de ações e atividades. O texto informa ainda que a suspensão é recomendada por órgãos de controle como o Tribunal de Contas da União e Controladoria Geral da União. Ou seja, não há suspensão de contratos (pelo menos não até o momento).
Outro detalhe importante: ao contrário do que muitos imaginam, a suspensão não causará desabastecimento de remédios na rede pública. Isso porque essa não é a única fonte de compra de medicamentos de distribuição gratuita. Leia o que diz o trecho da nota sobre a possibilidade de desabastecimento:
A suspensão não gera risco de desabastecimento para a população. Além das PDPs, o Ministério da Saúde utiliza outros meios de aquisição dos produtos; O Ministério da Saúde, assim, reforça que a fase de suspensão não causa desabastecimento ou falta desses produtos na rede. Está incorreto dizer que as parcerias acabaram e que haverá um problema de saúde pública.
Por sinal, vale dizer que a informação é confirmada em matérias publicadas por outros portais de notícias, como nesta matéria da Agência Brasil e da Revista Exame, que apontam que a compra dos remédios em questão será feita no setor privado.
Resumindo: apesar de a informação de suspensão de parcerias ser verdadeira (até que os laboratórios, de acordo com o Ministério, façam ajustes ou que entrem em acordo), não é verdade que haverá desabastecimento ou corte de distribuição de medicamentos na rede pública. Ou seja, tudo #boato.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.