Boato – Um judoca da Bahia morreu de leptospirose após consumir coco na praia. Poucas pessoas sabem do perigo que está no coco verde.
Apesar de verão lembrar sol e praia, a estação tem, nos últimos tempos, ficado marcada pelas fortes chuvas em algumas regiões do país e por doenças sazonais. Além das enfermidades transmitidas pelo mosquito aedes aegypti, as enchentes trazem outro perigo: a leptospirose.
Um texto que circula online aponta que, além das chuvas, há uma nova ameaça relacionada à leptospirose: coco verde da praia. Como exemplo, a mensagem (viral no WhatsApp e Facebook) aponta que um judoca da Bahia morreu da doença após consumir coco na praia. Leia o texto que circula online:
“Veio a óbito um judoca da Bahia, o mesmo estava com leptospirose. Muitas vezes achamos que esta doença é causada somente nos períodos de chuva, quando se tem contato com a urina do rato… Mas não, uma outra forma que a leptospirose é transmitida, e quase ninguém sabe, é através do coco da praia… Quando comemos o coco com aquela paletinha que é feita da própria casca verde do coco. Pelo fato de os cocos ficarem às vezes em ambientes onde o rato transita e ele urina nos cocos, então muito cuidado!!! Avisem para amigos e família, para nunca comer a polpa do coco com a paletinha que é feita da casca do próprio coco verde.
Judoca da Bahia morreu após consumir coco com leptospirose?
É claro que a internet ficou comovida e preocupada com o caso. O resultado foi a viralização sem fim da história. Mas será mesmo que um judoca da Bahia morreu após consumir coco verde e que a casca da fruta é uma grande ameaça de leptospirose? A resposta é não: vamos aos fatos.
De fato, houve um caso de morte de um judoca da Bahia. A partir daí, começam as contradições: para começar, o caso (ao contrário do que o texto dá a entender) não aconteceu na Bahia. No dia 7 de fevereiro, João Lima morreu na cidade de Chapecó (SC) após ficar internado por uma semana.
A notícia foi publicada pelo Blog Diário Chapecó, que apontou que havia uma suspeita de leptospirose. Note no termo utilizado na matéria: suspeita. Entramos em contato com os administradores da página e eles falaram que a família acreditava que a doença poderia ter causado a morte. Porém, ninguém da família de João falou sobre consumo de coco.
Outro detalhe: o resultado dos exames que comprovariam a causa da morte ainda não saiu. Ou seja: ao contrário do que o texto que circula no WhatsApp aponta, há um caso suspeito de leptospirose e o judoca não teve nem em praia nem bebeu coco verde (ou comeu com “paletinha”). A primeira parte está resolvida.
Agora vamos aos “riscos do coco verde”. Por incrível que pareça, não encontramos a confirmação de um caso de alguém que tenha morrido de leptospirose por causa de coco verde. Vale apontar que esse caso do “coco com leptospirose” é muito parecido com o caso da “cerveja com leptospirose” que desmentimos aqui: muito falado, pouco comprovado.
Demos uma olhada nas recomendações do Ministério da Saúde para evitar a leptospirose. Elas são as seguintes: evitar contato com água de enchentes, com lama e manter ambientes limpos para evitar a proliferação de ratos. Não há nada falando especificamente de coco na praia.
Resumindo: há um caso de morte com suspeita de leptospirose. Mas a história não tem nada a ver com consumo de coco verde na praia e tampouco aconteceu na praia (ou mesmo na Bahia). Pode tomar a sua água de coco despreocupado. Claro que dar uma olhada na higiene de quem está vendendo não vai fazer mal a ninguém).
PS: Esse artigo foi uma sugestão de Irene Aguiar e de diversos leitores via WhatsApp. Se você quiser sugerir um tema para o Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook ou WhatsApp, no telefone (61) 99331 6821.