Boato – Médicos holísticos que descobriram que as vacinas contêm enzimas que causam câncer foram encontrados mortos. Eles foram assassinados!
Dentre todos os tipos de boatos na internet, um dos mais graves é o que envolve temas relacionados à saúde. Em meio a, por exemplo, informações sobre curas milagrosas do câncer e campanhas para as pessoas não se vacinarem, muita gente morre. Hoje, vamos falar de mais um texto desses.
Circula na internet a informação que aponta que uma série de médicos que “descobriram” que as vacinas têm enzimas do câncer foram assassinados. A “notícia” foi publicada em um blog e começou a viralizar no WhatsApp. Leia trechos do texto que circula online:
Médicos que descobriram enzimas do câncer em vacinas são encontrados mortos Médicos holísticos que descobriram que as vacinas continham enzimas cancerígenas foram todos encontrados mortos, e a causa foi considerada suicídio. As mortes dos médicos deixaram a comunidade médica sem palavras porque eram pesquisadores que estavam trabalhando em uma nova cura revolucionária para o câncer.
Dr. James Bradstreet é um renomado especialista em autismo, e ele estava investigando a enzima antes de sua morte prematura em julho de 2015. O corpo de Bradstreet tinha sido encontrado flutuando em um rio na Carolina do Norte, e um post-mortem revelou que ele tinha morreu de um tiro no peito. Foi dito que o médico poderia ter sido assassinado devido à pesquisa controversa que ele estava conduzindo. Bradstreet e seus colegas descobriram que a nagalase estava comprometendo o sistema imunológico e acreditava-se que ela estava sendo introduzida no corpo por meio de vacinas. […]
A cura inovadora do câncer tem um fator ativador de macrófagos, também conhecido como GcMAF. Isso ativa os macrófagos existentes no corpo e ajuda o corpo a destruir qualquer célula cancerígena. O corpo produz a substância por conta própria, mas a maioria dos pacientes que sofrem de câncer não consegue produzir o suficiente para matar a doença. Quando administrado com GcMAF, o sistema imunológico do paciente se torna mais forte e ajuda o corpo a combater o câncer sem que a pessoa tenha que passar por tratamentos como radiação ou quimioterapia, que são considerados evasivos. […]
Médicos que descobriram enzimas do câncer em vacinas foram assassinados?
Muita gente está compartilhando a tal história na internet. Mas aí surge a dúvida. Será mesmo que os médicos que denunciaram as vacinas e as relacionaram com o câncer estão sendo assassinados? A resposta é não. Para você entender tudo, vamos aos fatos.
Na primeira lida, já foi possível perceber que a história está, no mínimo, estranha. Para começar, a história tem as principais características de boatos online: vaga, alarmista, com erros de ortografia, sem citar fontes confiáveis e com pedido de compartilhamento.
Não bastasse isso, a história está publicada em um site que, volta e meia, publica fake news que viralizam. Um exemplo é a que aponta que o FBI descobriu que o Brasil vendeu a Copa para a Alemanha. Outra é a que aponta que um médico disse que vacinas é que causam surto de gripe. Enfim, o site não é nada confiável.
Outro ponto no conteúdo que causa dúvida. O título fala em “médicos” encontrados mortos. Porém, o conteúdo fala apenas em um médico. Ou seja, o conteúdo não confirma o que está sendo vendido no título. Ao buscar mais sobre a história, descobrimos que, de fato, o “Dr. James Bradstreet” (Jeff Bradstreet) foi encontrado morto. Porém, está bem claro que ele não foi assassinado. Ele cometeu suicídio.
A história circulou muito nos EUA e foi desmentida por sites de fact-checking. De acordo com o Politifact, a própria teoria de Bradstreet (que tinha como principal foco a cura do autismo com macrófago) já havia sido refutada e era considerada perigosa. De acordo com o Snopes, há outras versões do boato. Uma fala em cinco médicos mortos. Outra fala em (pasmem) 60.
Resumindo: nem as teorias citadas no texto são comprovadas, nem uma série de médicos foram assassinados por falar em câncer nas vacinas. Além da história já ter sido desmentida no exterior, ela foi escrita de uma forma (muito) incongruente no Brasil. Não acredite nessa!
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.