Boato – Desde 2021, milhares de pilotos morreram após se vacinarem contra a Covid-19 e agora mundo vive escassez mundial de pilotos
A pandemia da Covid-19 causou um impacto sem precedentes no mundo todo. Além do medo do contágio e as incertezas no início do surto da doença, a pandemia também trouxe impactos graves ao lazer e, consequentemente, à economia.
Muitas atividades tiveram de ser reinventadas, mas algumas foram paralisadas completamente, como as viagens. Com isso, diversos países que tinham o turismo como um dos pilares de suas economias viram sua receita despencar.
E de acordo com uma história que está sendo compartilhada nas redes sociais, a vacinação contra a Covid-19 também estaria impactando as viagens no pós-pandemia. Segundo a publicação, o mundo estaria vivendo uma escassez mundial de pilotos, porque milhares deles teriam morrido após se vacinarem contra a Covid-19. Ainda segundo a história, as mortes estariam ocorrendo desde 2021 em uma velocidade impressionante e ninguém teria permissão para perguntar o motivo das mortes. Confira:
“’Escassez mundial de pilotos’: milhares de pilotos vacinados morreram desde 2021 e ninguém tem permissão para perguntar o motivo. O número de pilotos de companhias aéreas vacinados que morreram ‘de repente e inesperadamente’ desde 2021 é impressionante”.
Mundo vive escassez mundial de pilotos por causa de milhares de mortes pela vacina da Covid-19?
A informação gerou um verdadeiro burburinho nas redes sociais, em especial, no Twitter e está sendo usada por grupos negacionistas para causar terror sobre as vacinas contra a Covid-19. Apesar disso, a história não é verdadeira. A explicação está na falta de provas e no enredo negacionista (que já se tornou bastante exaustivo).
Não é de hoje que histórias falsas sobre as vacinas contra a Covid-19 causam pânico na internet. A equipe do Boatos.org já desmentiu inúmeras delas, como a que dizia que um menino teria morrido após tomar a vacina contra a Covid-19 e desmaiar. Também a que indicava que a Suíça teria acabado com a vacinação contra a Covid-19 por causa dos efeitos colaterais da vacina e, por fim, a que apontava que a OMS teria alertado os pais para manter as crianças longe da “vacina perigosa contra a Covid-19”.
Mais uma vez precisamos repetir: as vacinas não são perigosas! Essas histórias que circulam na internet são elaboradas por grupos negacionistas que têm apenas um objetivo: que você não se vacine. Esses grupos se baseiam em informações falsas ou distorcidas para espalhar pânico na internet.
Mas a verdade é que se vacinar contra a Covid-19 é muito mais seguro do que esperar contrair a doença. Assim como já observamos no início da pandemia, a Covid-19 é uma doença que pode levar à morte, inclusive, pessoas que não apresentam nenhum tipo de problema de saúde. Desde que a vacinação contra a doença começou, o número de mortes pela Covid-19 caiu abruptamente. Tanto é que as proteções adicionais, como o lockdown e o uso da máscara puderam ser retirados após a imunização em massa ser iniciada. Além disso, uma pesquisa recente publicada na revista The Lancet Infectious Diseases mostrou que a vacina bivalente reduz em 72% o risco de hospitalização e em 68% o risco de morte em idosos. Se isso não fosse o bastante, o próprio Ministério da Saúde divulgou dados onde mostra que o risco de morrer por Covid-19 é 57 vezes maior do que ter uma reação grave à vacina.
Ao analisar a história de hoje, descobrimos que o site usado como fonte é uma página antivacina e que traz diversos conteúdos negacionistas de sites estrangeiros. Além disso, tanto o site em questão quanto as páginas usadas como fonte pelo próprio site já publicaram diversas fake news sobre o assunto.
A história de hoje se baseia em uma publicação sobre a morte de pilotos feita por uma associação que representa mais de 67 mil pilotos de avião. A partir daí, a página começou a fazer uma interpretação “free style” de maneira parcial. No próprio texto, o site destaca que a sessão “in memoriam” é alimentada com informações fornecidas pelos familiares. Além do pequeno número de mortes avaliadas e sabendo que as informações sobre as mortes não foram averiguadas de maneira científica, já podemos cravar que a análise foi tendenciosa e não possui nenhum rigor científico.
Se isso não bastasse, a agência Reuters desmentiu toda a história. De acordo com a Reuters, a publicação reuniu relatos de familiares sobre a morte de pilotos que faziam parte da associação. Os relatos foram publicados conjuntamente, na edição de 2021. Entretanto, isso não significa que todos os pilotos morreram em 2021. Na realidade, a associação informou que a maior parte das mortes relatadas aconteceram em 2019 e 2020, antes da vacina ser disponibilizada e durante o auge da pandemia da Covid-19.
Por fim, de fato, há uma crise de pilotos de avião, mas não por causa da morte daqueles que se vacinaram. Na realidade, os problemas são diversos e alguns deles existem desde antes da chegada da pandemia da Covid-19, como a questão da aposentadoria em massa de muitos pilotos. Além disso, após a reabertura das fronteiras e o retorno do antigo normal, houve um boom de procura por viagens. Entretanto, as empresas aéreas não estavam preparadas para atender essa demanda. O desejo de viajar aumentou, mas a contratação de novos pilotos não caminhou na mesma velocidade. Vale ressaltar que muitos deles foram demitidos ao longo da pandemia, o que gerou uma redução de profissionais. Por fim, o curso de preparação para se tornar um piloto é extremamente caro, o que não atrai muitas pessoas. Ou seja, as empresas ainda precisam enfrentar um mercado escasso de pilotos.
Em resumo: a história que diz que o mundo está enfrentando uma crise mundial de pilotos, porque milhares deles morreram ao se vacinar contra a Covid-19 é falsa! O site que compartilhou a informação é conhecido por fazer publicações negacionistas e antivacina. Além disso, o site utilizou uma publicação que mostrava uma lista de mortes de pilotos ao longo do ano e fez uma interpretação equivocada sobre os dados. As mortes, na realidade, foram relatadas por familiares antes da publicação do ano de 2021. Mas os relatos não eram apenas sobre o ano de 2021, mas também os anos anteriores. A própria associação responsável pela publicação afirmou que a maior parte dos relatos são de mortes entre 2019 e 2020, durante a pandemia e muito antes da vacina surgir.
Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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