Boato – Pfizer recomenda que pessoas não façam sexo após tomarem a vacina, pois ela altera o DNA e causa más-formações no feto.
Cerca de 50 países já iniciaram seus programas de vacinação contra a Covid-19, visando controlar a doença em seus territórios. Felizes são aqueles que já foram vacinados (ou têm a certeza de que, em breve, serão).
Enquanto isso, outros nove países anunciaram que pretendem começar a vacinar sua população nos primeiros meses de 2021. Infelizmente, nenhum deles é o Brasil. E em meio a tantas boas notícias, as fake news sobre as vacinas seguem atormentando a população mundial.
De acordo com uma história que está circulando nas redes sociais, documentos relacionados aos testes da vacina da Pfizer mostrariam que a empresa recomenda que as pessoas não tenham relações sexuais por, no mínimo, 28 dias. O motivo? A vacina poderia causar problemas no feto, como má formação e alteração do DNA. Algumas publicações ainda apontam que o documento, na verdade, seria a bula da vacina da Pfizer. Confira:
Versão 1: “Documento oficial de estudos clínicos da Pfizer mostra que a vacina contra a Covid-19 altera o DNA por causa do mRNA que é injetado nas pessoas. Quem fizer sexo e engravidar, a criança nasce com má formação e com DNA corrompido! Isso está no documento da própria Pfizer!!!”. Versão 2: “”ASSUSTADOR” A PFIZER INFORMA: SE TOMAR A VACINA, FIQUE 28 DIAS SEM SEXO, PQ CASO ENGRAVIDE A CRIANÇA TERA PROBLEMAS TERATOGÊNICOS ! SABE O Q É ISSO? SEU FILHO NASCERA UM MOSTRO, DEFORMADO, COM MÁ FORMAÇÃO!”. Versão 3: “Não leia a bula da Pfizer se você faz sexo. Acabaram minhas férias depois dessa notícia”.
Pfizer proíbe sexo após vacina em bula por causa de alterações no DNA?
A informação caiu como uma bomba nas redes sociais, em especial, no Facebook e no YouTube e causou bastante burburinho entre os internautas. Apesar disso, a história não passa de balela.
Nos últimos meses, o que mais temos visto e desmentido por aqui são histórias falsas sobre vacinas do tipo mRna, como a que dizia que esse tipo de vacina poderia causar um dano genético irreversível. Também a que indicava que a dra. Christiane Northrup teria afirmado que as vacinas do tipo mRna transformariam as pessoas em antenas 5G e, por fim, a que apontava que a enfermeira Khalilah Mitchell teria tido paralisia facial após tomar a vacina da Pfizer. Temos até um vídeo que fala sobre o assunto:
Pois bem, fomos investigar essa informação a fundo e descobrimos que a história não passa de boato. De fato, o documento divulgado nas publicações é real, mas ao contrário do que diz a história, não é a bula da vacina. O documento, na verdade, trata-se de um manual de protocolos clínicos para as fases 1, 2 e 3 de testes da vacina da Pfizer (direcionado aos pesquisadores e aos voluntários que participaram dos testes). Como é possível observar, a bula da vacina não possui nenhuma recomendação do tipo.
Se isso não bastasse, a recomendação da empresa no manual não tem, absolutamente, nada a ver com o risco de má formação dos fetos e muito menos alteração do DNA. O serviço de checagem Estadão Verifica já desmentiu a história há algum tempo. De acordo com o serviço de checagem, durante a fase 3 de testes, a farmacêutica pediu para que os voluntários não mantivessem relações sexuais sem proteção. Entretanto, segundo o Estadão Verifica, esse é um procedimento padrão em estudos clínicos que não prevêem a participação de gestantes. Além disso, é uma exigência dos comitês de ética em pesquisa. Em nota, a Pfizer comunicou que não houve nenhum problema de infertilidade ou de reprodução nos participantes do estudo.
Os protocolos de testes da vacina de Oxford/Astrazeneca e da vacina da empresa Moderna também possuem a mesma recomendação. Além delas, diversas outras companhias que trabalham com o desenvolvimento de vacinas e medicamentos também preveem o uso de contraceptivos ou a abstinência sexual.
Por fim, mas não menos importante, não precisamos nem repetir o que já estamos cansados de explicar por aqui, não é mesmo? As vacinas do tipo mRna não alteram o DNA! A explicação é simples: esse tipo de vacina não consegue acessar o código genético humano e sua única função é estimular e ensinar o nosso sistema imune a se defender e combater o novo coronavírus. É só.
Em resumo: a história que diz que a Pfizer proibiu os vacinados de manterem relações sexuais por 28 dias, porque a vacina pode causar má formação e alterar o DNA de fetos é falsa! O documento usado para embasar a história, na verdade, é apenas um manual de protocolos clínicos para os testes em voluntários. Além disso, a recomendação não foi para as pessoas não terem relações sexuais, mas sim que adotassem métodos contraceptivos. A recomendação é algo normal (e também foi feita nos testes das vacinas Oxford/Astrazeneca e Moderna) e uma exigência dos comitês de ética em pesquisas. Por fim, a Pfizer informou que nenhum voluntário teve problemas de infertilidade ou de reprodução após os testes. Ou seja, a história não tem nada de real e não passa de boato. Até a próxima!
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99458-8494.
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