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Saiu o randomizado da ivermectina e hidroxicloroquina em 2022, FDA aprovou e Novartis vai doar comprimidos #boato

Saiu o randomizado da ivermectina que mostra até 90% de eficácia, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Acabou de sair o estudo randomizado que prova que a ivermectina e a hidroxicloroquina são eficazes contra a Covid-19. Isso ocorreu em junho de 2022, a FDA aprovou os remédios e a Novartis vai, para desespero da “bigfarma” das vacinas, doar comprimidos.

Olhando de longe, podemos atestar que um dos tipos de boatos mais criminosos do primeiro ano de pandemia é o que apontava que a Covid-19 seria superada com remédios como ivermectina e hidroxicloroquina e não com a vacina. Mais esquisito do que isso é saber que, em pleno 2022, ainda tem gente que compartilha essas fake news que tanto enganaram e custaram vidas.

A história que vimos viralizar na internet aponta que “finalmente” saiu o teste randomizado que prova que a ivermectina e a hidroxicloroquina são eficazes contra a Covid-19. No mesmo texto, há a “informação” de uma “jornalista” que aponta que a FDA aprovou os remédios e, ainda, que a Novartis iria doar comprimidos. Não faltou, também, ataques a “fabricantes de vacinas”. Leia:

NOTÍCIA PÉSSIMA PARA AS BIGFARMAS FABRICANTES DE “VACINAS”, AGORA INICIA A QUEDA DESSA QUADRILHA COM OBJETIVO DE ANGARIAR BILHOES DE DÓLARES DOS GOVERNOS NO MUNDO TODO…. e pra tristeza dos esquerdopatas. ESTUDO OFICIAL CONCLUÍDO EM 01/06/2022 (clique na imagem para ver) INFORMAÇÃO DE AGORA do SITE OFICIAL indicado abaixo.

Saiu o teste oficial randomizado da IVERMECTINA. Também foi aprovada a Hidroxicloroquina. Não conseguiram esconder mais a eficácia de ambas as drogas, que estavam sendo desacreditadas de maneira leviana por serem baratas. RESULTADOS OFICIAIS COMPROVARAM: ambas as drogas se mostraram mais eficazes do que as “vacinas COVID-19″(medicamentos experimentais de RNA Mensageiro). Pronto, está aí a eficácia e a comprovação científica: https://ivmmeta.com/

PRA QUEM QUERIA “CIÊNCIA”, ESTÁ AÍ. Até: 90% de eficácia na profilaxia. 80% no tratamento precoce. 50% no tratamento tardio (entubados). Notícia saída agora do forno: A jornalista Elisa Robson escreveu: O FDA, a agência americana de regulamentação de remédios, aprovou o uso de hidroxicloroquina e ivermectina em todos os pacientes com a Covid-19. O CEO da Novartis anunciou que já tem em mãos os resultados de pesquisas que comprovam que a hidroxicloroquina mata o vírus.

Tanto que a empresa vai doar 130 milhões de doses. O custo médio do medicamento no mundo é de US$ 4,65 por mês. O fato é que, desde o começo, o coronavírus foi usado politicamente. Portanto, para muitos agentes políticos (tanto os que militam em partidos, quanto os que estão no comando de instituições como a OMS ou nas redações dos jornais) as notícias acima são, na verdade, um desastre. DIVULGUE AGORA. SÃO ESSAS NOTÍCIAS QUE DEVEMOS REPASSAR PARA NOSSOS AMIGOS E FAMILIARES.

Saiu o randomizado da ivermectina e hidroxicloroquina em 2022, FDA aprovou e Novartis vai doar comprimidos?

É muita informação. Melhor falando, é muita desinformação. Falamos isso porque a mesma mensagem que está circulando como se fosse de 2022 é, na realidade, uma mistura de três fake news que já desmentimos aqui. Como a checagem de outrora vale para hoje, relembre o que foi escrito:

Na realidade, o texto em questão é a junção de três notícias falsas já desmentidas aqui. Nem o site citado pode ser considerado um “estudo” ou “comprovação científica” tampouco o FDA aprovou a hidroxicloroquina para todos nos EUA ou a Novartis distribuiu o remédio. Relembre o que escrevemos a respeito:

Comprovação científica da ivermectina

Como já dissemos anteriormente, a ivermectina não possui eficácia comprovada contra a Covid-19 (nem em tratamentos precoces, muito menos em tratamentos tardios). Toda essa ilusão começou em abril de 2020, depois de um estudo australiano indicar certa eficácia da substância em testes in vitro (laboratório). Entretanto, o resultado não se repetiu em estudos in vivo (com pessoas).

Recentemente, a equipe do Boatos.org elaborou um texto explicando tin tin por tin tin a questão da ivermectina. Na matéria, é possível perceber que nenhum estudo sério indicou eficácia da substância em humanos. Se isso não bastasse, o uso indiscriminado da ivermectina pode levar ao desencadeamento de hepatites medicamentosas. Nos últimos meses, diversos casos da doença relacionados ao uso de ivermectina foram registrados por médicos no país.

Além disso, a farmacêutica Merck Sharp & Dohme (MSD), fabricante da ivermectina, emitiu um comunicado, no dia 4 de fevereiro de 2021, informando que a substância não possui eficácia científica contra a Covid-19. Na nota, a farmacêutica alegou que os dados disponíveis em estudos sobre a ivermectina não conseguem sustentar a segurança e a eficácia da substância para além das doses e indicações já recomendadas pela empresa.

Pois bem, se isso não fosse suficiente, ao acessar o site indicado na publicação, percebemos que se trata de uma página que reúne diversos estudos sobre a ivermectina, mas sem nenhum critério científico. O site indicado na publicação, bem como outras páginas, acabam reunindo pesquisas com metodologias bem embasadas com estudos sem o menor rigor científico, pesquisas preliminares e estudos sem revisão por pares (outros cientistas, isto é, pesquisas que não passaram por avaliação de revistas científicas).

Em fevereiro de 2021, a equipe do Boatos.org chegou a desmentir uma história bastante parecida. Na oportunidade, toda a informação se baseava em um site similar, que não possuía rigor científico e também juntava estudos completos com pré-prints e pesquisas sem metodologias claras.

Por fim, a Sociedade Francesa de Farmacologia e Terapêutica também alertou que a maioria dos estudos publicados sobre a ivermectina são inconclusivos. De acordo com a instituição científica, grande parte são pré-prints (sem revisão por pares) ou com metodologias tão enviesadas que a interpretação dos resultados acaba sendo difícil e não permite tirar conclusões. Outras agências reguladoras, como a FDA, nos EUA, e a SAHPRA, na África do Sul, também já se posicionaram sobre a falta de dados científicos a respeito do uso da ivermectina na Covid-19, não recomendando seu uso para este fim.

FDA aprova hidroxicloroquina

A mensagem em questão, que mostra o avanço nas pesquisas, seria ótima se retratasse a realidade na questão da hidroxicloroquina. O grande problema é que, ao apressar o processo, e apresentar a cura, a mensagem causa, no mínimo, duas consequências: 1) De relaxamento em questão as medidas de isolamento. 2) De incentivo à automedicação.

E aí está. A primeira informação errada na mensagem é a que aponta que a hidroxicloroquina está liberada para todos os pacientes com Covid-19 nos EUA. A FDA, no dia 28 de março, liberou o uso da hidroxicloroquina nos EUA doados pela Sandoz para que sejam realizados testes. O próprio comunicado aponta que o remédio será usado para “certos pacientes” (não para todos).

No comunicado, com as diretrizes de uso para o uso do produto, a FDA deixa bem claro que “Não há produto aprovado pela Food and Drug Administration dos EUA (FDA) disponível para tratamento da COVID-19” e que a autorização é para que o produto seja usado em caráter experimental.

No mesmo documento, a FDA alerta para os efeitos colaterais e proíbe os testes em pessoas com diversos problemas de saúde como pessoas com comprometimento no fígado, diabetes, grávidas, lactantes, com doenças “severas”, com problemas sanguíneos e que estão tomando remédios como azitromicina, antiácidos, insulina e outros remédios para diabetes. Ou seja: a FDA esteve longe de “liberar para todos”.

Agora, vamos à segunda parte da história. A Novartis, de fato, anunciou a doação de 130 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina para a Suíça (algo que é suprimido no texto, o que dá a impressão de que a doação é para os EUA). Porém, no comunicado, não é dito que há estudos que “comprovem que a hidroxicloroquina mata o novo coronavírus”.

O que há é a citação de que “vários ensaios clínicos estão em andamento para pesquisar o efeito da hidroxicloroquina e cloroquina, uma substância relacionada, no tratamento do COVID-19”. “Comprovação científica” é algo muito sério para que seja “jogada ao vento”. E, no caso da cloroquina e hidroxicloroquina, ainda não há comprovações de cura.

A informação é reforçada por um comunicado do CDC. Ele deixa bem claro que não há drogas aprovadas pela FDA que previnam ou tratem o coronavírus. O CDC cita que a hidroxicloroquina e a cloroquina são usadas para a malária e que há estudos da eficácia em relação à Covid-19.

Novartis apoia e distribuiu hidroxicloroquina

Para começo de história, a publicação possui todos os elementos de fake news na internet. Ela é vaga (sequer cita o nome do CEO ou a data em que ele teria dito isso), extremamente alarmista (usa o termo “urgente” e cita uma suposta conspiração de políticos criando pânico e desespero), possui alguns erros de pontuação, pedido de compartilhamento e não cita fontes confiáveis.

Além disso, existe um vasto histórico de informações falsas relacionadas à cloroquina ou à hidroxicloroquina na internet. A equipe do Boatos.org já desmentiu inúmeras delas, como a que dizia que ministros que impediram o uso de hicroxicloroquina na França serão processados. Também a que indica que a médica Stella Emanuel teria dito a verdade sobre a hidroxicloroquina ser a cura para a Covid-19 e, por fim, a que aponta que o governador João Dória estaria tomando cloroquina para se tratar da Covid-19.

Se isso não fosse o suficiente, ainda existe um desmentido do mesmo texto aqui no Boatos.org. Na época, o foco recaiu sobre sobre a FDA (a agência de Administração de Alimentos e Drogas dos EUA). Destacamos que o comunicado da FDA “autorizando o uso da hidroxicloroquina” não dizia exatamente isso. De acordo com o documento, publicado no dia 28 de março, a FDA liberou o uso da hidroxicloroquina (doados pela empresa Sandoz) para que fossem realizados testes. O documento ainda aponta que o remédio não estava liberado para todos, mas apenas para alguns pacientes. A FDA ainda alertou, na época, que a autorização seria para uso experimental e proibia pessoas com problemas de saúde ou que estivessem em uso de determinados medicamentos de participarem dos testes.

O texto falso começou a circular em abril. De lá para cá, a FDA chegou a suspender a autorização para testes da hidroxicloroquina no dia 15 de junho de 2020. Em um comunicado, a agência afirmou que tomou a decisão com base na análise contínua do uso da substância no país e também em dados científicos.

No entanto, no dia 1º de julho de 2020, a FDA “voltou atrás” e resolveu apenas impor apenas uma advertência de uso da hidroxicloroquina ou da cloroquina fora do ambiente hospitalar ou em ensaios clínicos. A posição tomou como base o alto risco de desenvolvimento de problemas cardíacos. Mesmo assim, a FDA não autorizou o uso para “todo mundo”.

Assim como o caso da FDA, a questão do grupo farmacêutico Novartis também se tornou falsa com o tempo. De fato, no dia 20 de março de 2020, a empresa anunciou a doação de doses de hidroxicloroquina, mas o anúncio dizia “até” 130 milhões de doses e não as 130 milhões de doses efetivamente.

Tanto é que, na prática, a coisa não foi bem assim. No dia 29 de março de 2020, o grupo farmacêutico doou 30 milhões de doses de hidroxicloroquina para os Estados Unidos. Já no dia 3 de abril de 2020, a empresa anunciou a doação de uma “grande quantidade” de hidroxicloroquina para a Suíça.

Apesar das doações, a própria Novartis, que apoia o combate à Covid-19 por meio de outras doações, suspendeu suas pesquisas clínicas com hidroxicloroquina e também as doações do medicamento. De acordo com a empresa, problemas com o recrutamento de voluntários tornaria improvável a coleta de dados significativos em um período de tempo razoável para determinar a eficácia da substância no tratamento contra a Covid-19. Dessa forma, a informação de que a empresa acredita que a hidroxicloroquina é a cura e que vai doar milhões de doses é desatualizada (e mostra que algo não se sustentou ao longo do tempo).

Por fim, ao contrário do que aponta o texto, o CEO da Novartis não afirmou que a cloroquina ou hidroxicloroquina é a cura para a Covid-19. No dia 27 de março de 2020, em uma entrevista publicada pela CNBC, o CEO da Novartis Vas Narasimhan disse ser “muito cedo” para afirmar se a hidroxicloroquina poderia funcionar contra a Covid-19. Depois de meses e diversas pesquisas, ficou comprovado que a hidroxicloroquina, de fato, não funciona para esse fim.

Resumindo: não é verdade que foi comprovado por meio de testes randomizados que a ivermectina e hidroxicloroquina curam a Covid-19. Também é falso que os remédios foram aprovados ou que haverá doações. Tratam-se de fake news que já foram desmentida, mas voltaram a circular por aí.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo siteFacebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.

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