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USP comprova que passe magnético cura doenças #boato

USP comprova que passe magnético cura doenças, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Pesquisa realizada na Universidade de São Paulo (USP) comprova que o passe magnético é capaz de curar doenças

No mundo de hoje, temos tratamentos eficazes, inovadores e a cura para doenças que jamais imaginaríamos há décadas atrás. E tudo isso só foi possível graças ao avanço da Ciência e à dedicação dos pesquisadores.

De acordo com uma história que está circulando nas redes sociais, a Ciência brasileira teria dado mais um passo em direção ao encontro da cura de outras doenças. Segundo a publicação, a Universidade de São Paulo (USP) teria descoberto que o passe magnético seria capaz de curar problemas de saúde.

Segundo a publicação, os camundongos submetidos ao passa magnético tiveram um ganho de potencial em suas células de defesa. Ainda segundo a história, agora o pesquisador estaria estudando o efeito do passe magnético em pessoas idosas. Confira:

“USP CONFIRMA EFICÁCIA DO PASSE MAGNÉTICO Um estudo desenvolvido recentemente pela USP (Universidade de São Paulo), em conjunto com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), comprova que a energia liberada pelas mãos tem o poder de curar qualquer tipo de mal estar. O trabalho foi elaborado devido às técnicas manuais já conhecidas na sociedade, caso do Johrei, utilizada pela Igreja Messiânica do Brasil e ao mesmo tempo semelhante à de religiões como o Espiritismo, que pratica o chamado “passe”. […]

Neste estudo do mestrado foram utilizados 60 camundongos. Já no doutorado foram avaliados 44 idosos com queixas de stress. O processo de desenvolvimento para realizar este doutorado foi finalizado no primeiro semestre do ano passado. Mas a Unifesp está prestes a iniciar novas investigações a respeito dos efeitos do Reiki e práticas semelhantes. Lembremos que Jesus ao curar sempre estendia as mãos. Religiões Populares Brasileiras também estende as mãos a mais de quatro séculos, descendentes do africanismo. Os egípcios, já usavam esse método bem antes de Cristo. Outras Filosofias como diversas técnicas orientais também aceitam a imposição de mãos sobre o outro. Atualmente Religiões protestantes também praticam”.

USP comprova que passe magnético cura doenças?

A informação viralizou nas redes sociais, em especial, no Facebook e deixou muitas pessoas animadas com a suposta notícia. Entretanto, a história não é bem assim. A explicação está na falta de provas, inclusive da pesquisa.

Não é de hoje que histórias falsas sobre supostas curas de doenças circulam na internet. A equipe do Boatos.org já desmentiu inúmeras delas, como a que dizia que a Universidade da Austrália teria descoberto, em abril de 2023, que a ivermectina seria capaz de curar a Covid-19 em 48 horas. Também a que indicava que água quente com limão poderia curar e prevenir o câncer e outras doenças e, por fim, a que apontava que Lair  Ribeiro teria morrido após revelar que a terapia com ozônio cura todas as doenças.

Ao analisar a história de hoje, descobrimos que a tal pesquisa, de fato, existe. Porém, existe um oceano inteiro entre comprovar a eficácia do passe magnético e existir um trabalho que fale sobre o assunto.

Ao procurar por mais informações, descobrimos que o serviço de fact-checking e-Farsas desmentiu essa história em 2015. De acordo com o e-Farsas, o estudo de mestrado foi feito em 2003 e o pesquisador teria descoberto que a técnica da imposição de mãos (reiki) em camundongos teria aumentado a resistência imunológica dos animais, dobrando a capacidade de reconhecimento e destruição de células cancerígenas. Entretanto, o site apontou que a pesquisa estava recheada de problemas e equívocos.

De acordo com o e-Farsas, o pesquisador teria escrito que os camundongos seriam imunes ao efeito placebo, o que é mentira. Além disso, existem erros metodológicos em todo o trabalho. Primeiramente, o pesquisador não respeitou os testes duplo-cego (onde os animais e o pesquisador não sabem quem está aplicando o reiki ou não). Se isso não bastasse, também houve uma observação seletiva, o grupo amostral foi irrelevante, não houve medidas para prevenir a contaminação cruzada, o referencial teórico foi parcial e uma enorme quantidade de hipóteses mal-definidas.

Além disso, a expressão “comprovação científica” é bastante perigosa. Quando falamos em pesquisa, estamos falando em um estudo sobre uma coisa (ou parte dessa coisa) em um determinado contexto. Dessa forma, os pesquisadores buscam respostas sobre a relação dessa coisa com esse contexto. Não se trata de uma comprovação absoluta, até porque a Ciência pode mudar rápido e alterar o que sabemos (por exemplo, em poucos anos paramos de dizer que a Covid-19 não tem tratamento. Tudo isso por conta de estudos com novos medicamentos e o desenvolvimento da vacina).

Por fim, de lá para cá não houve qualquer outro estudo que “comprovasse cientificamente” a eficácia da técnica da imposição de mãos (reiki), nem testes mais elaborados. O pesquisador chegou a fazer seu doutorado na mesma área, mas nenhuma outra proposta de pesquisa foi aprovada em universidades brasileiras.

Em resumo: a história que diz que a USP comprovou que o passe magnético poderia curar doenças é falsa! A história se baseia em uma pesquisa de 2003. Entretanto, a pesquisa apresenta diversos problemas éticos, teóricos e metodológicos. Por fim, não existem outras pesquisas que “comprovem cientificamente” a eficácia da técnica de imposição de mãos (reiki).

Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo siteFacebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.

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