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Postagens negacionistas voltam a afirmar tese falsa sobre vacinas e autismo

Vacinas dadas em crianças causam autismo, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – As vacinas infantis estão relacionadas ao aumento de casos de autismo.

Análise

Não é a primeira vez que as vacinas são alvo de narrativas pseudocientíficas que tentam desacreditar sua eficácia e segurança. Uma das mais recorrentes é a alegação de que vacinas causam autismo. Apesar de não haver qualquer base científica sólida para isso, publicações continuam a se espalhar pelas redes sociais com esse conteúdo.

Desta vez, postagens resgatam supostos estudos do livro “400 estudos críticos sobre vacinas” e falas de Robert Kennedy Jr., uma figura conhecida por declarações antivacina. O conteúdo alega que o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) teria admitido em 1999 uma relação entre vacinas com mercúrio e o autismo. As versões do boato circulam em formatos diversos. Veja abaixo:

Versão 1: Autismo e Vacinas. Alguns artigos científicos do Livro: ‘400 estudos críticos sobre vacinas’. Tríplice viral, gripe, sarampo, Rho imunoglobina e hepatite B… As vacinas tradicionais e suas ligações com os crescentes casos de Autismo.

Versão 2: Robert Kennedy Jr. afirma que em 1999 o CDC descobriu que vacinas contendo mercúrio causavam autismo, com um risco relativo de 11,35 (maior que fumar). Segundo ele, autoridades de saúde e farmacêuticas realizaram uma reunião secreta onde admitiram essa ligação. Kennedy diz ter transcrições que mostram que os reguladores ocultaram essas informações do público.

Checagem

Mensagens como essa continuam gerando confusão e alimentando movimentos antivacina. Neste caso, vamos responder três perguntas: 1) As vacinas dadas às crianças causam autismo? 2) Os “400 estudos” e a fala em questão provam que vacinas causam autismo? 3) Qual é a causa real da condição?

As vacinas dadas às crianças causam autismo?

Não, as vacinas não causam autismo. Esta afirmação é constantemente rebatida pela comunidade científica internacional e por autoridades de saúde. A origem da teoria surgiu com um estudo fraudulento de 1998, posteriormente desmentido e retirado da revista científica que o publicou.

Desde então, inúmeras pesquisas de alta qualidade foram conduzidas para investigar qualquer possível relação — e nenhuma evidência de causalidade foi encontrada. O Ministério da Saúde do Brasil, o CDC e a Universidade Johns Hopkins são unânimes: não há relação entre vacinas e autismo.

Os “400 estudos” e a fala em questão provam que vacinas causam autismo?

O livro citado realmente existe, mas reúne estudos descontextualizados, muitos deles com falhas metodológicas graves ou já refutados pela ciência. A coletânea não foi publicada por qualquer revista científica respeitada e tem caráter ideológico, não acadêmico.

Além disso, a alegação de Robert Kennedy Jr. sobre o CDC ter reconhecido a ligação em 1999 é infundada. Não há registro oficial ou evidência concreta de que tal reunião secreta tenha ocorrido ou de que o CDC tenha feito tal admissão. Essa narrativa é recorrente em círculos negacionistas, mas sem qualquer sustentação nos dados reais. A revisão sistemática publicada no Frontiers in Public Health reforça que vacinas não aumentam o risco de autismo.

Qual é a causa real da condição?

O autismo é uma condição complexa do neurodesenvolvimento que ainda está sendo estudada, mas sabe-se que sua origem envolve múltiplos fatores genéticos e, em menor grau, ambientais. Não há qualquer evidência de que vacinas sejam um fator causal.

Segundo o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), a maioria das causas está ligada a herança genética, e o CDC também destaca que não há qualquer dado que aponte vacinas como desencadeadoras da condição.

Conclusão

As alegações de que vacinas infantis causam autismo são falsas e já foram desmentidas repetidamente por estudos sérios e instituições de saúde. O livro citado é enviesado e as falas de Kennedy Jr. carecem de provas concretas. O autismo tem causas multifatoriais, majoritariamente genéticas, e não há qualquer relação comprovada com imunizações.

Fake news ❌

Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo e-mail [email protected] e WhatsApp (link aqui: https://wa.me/556192755610)