Boato – Vacinas podem matar mais que a própria Covid-19. Se infectar com a variante Ômicron é mais seguro do que se imunizar.
No final de novembro de 2021, a descoberta da variante Ômicron mudou, novamente, o curso da pandemia. Após um sequenciamento na África do Sul, especialistas identificaram a nova cepa no país, mas após um surto na Holanda, exames realizados no país mostraram que a variante Ômicron já circulava na Europa antes do anúncio feito na África do Sul.
Tão logo a nova cepa foi anunciada, ela começou a se espalhar rapidamente pelo mundo todo. Atualmente, a variante Ômicron é responsável por surtos ao redor do mundo todo, levando diversos países a baterem recordes de infecções por Covid-19.
E a nova variante não só trouxe preocupação, como também uma enxurrada de fake news. De acordo com uma história que está circulando nas redes sociais, as vacinas representariam um perigo maior do que a própria Covid-19 (e a variante Ômicron) para os seres humanos. Segundo publicações, os imunizantes poderiam matar mais do que a própria doença. Ainda de acordo com as publicações, se infectar com a variante Ômicron seria mais seguro do que se vacinar. Confira:
Versão 1: “#TaradosPorVacina #BolsonaroOrgulhoDoBrasil vacina mata mais que covid”. Versão 2: “Ômicron é mais eficiente que a vacina, e mata menos”. Versão 3: “Vacina mata mais que o virus em sí”.
Vacinas matam mais que a Covid-19 (e a variante Ômicron)?
A informação viralizou rapidamente entre grupos negacionistas nas redes sociais, em especial, no Twitter. Apesar disso, a história não tem nada de verdade. A explicação fica por conta da origem da afirmação e da falta de fontes confiáveis.
Bem, ao analisar a história, percebemos que ela se sustenta em diversas pautas que já foram desmentidas não só no Boatos.org, mas também em outros serviços de checagem. As pautas são diversas, como as teorias de que as vacinas são perigosas e podem matar, de que se infectar com a Covid-19 é mais seguro do que se imunizar, de que a Covid-19 não é motivo para pânico, dentre outras.
A verdade é que a vacina é segura sim. E nem a Covid-19 e nem a variante Ômicron são inofensivas. Dados oficiais e pesquisas realizadas ao redor do mundo todo mostram que a Covid-19 causa sim milhares de mortes a mais do que a vacina contra a doença. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o risco de ser internado por Covid-19 é 257 vezes maior do que desenvolver uma reação grave (com risco de morte) à vacina. Quando comparado a casos de morte, o risco de morrer por Covid-19 é quase 57 vezes maior do que ter um reação adversa por causa dos imunizantes. Além disso, pessoas vacinadas com Coronavac apresentam 74% menos chances de morrer por Covid-19 do que pessoas não-vacinadas. Para pessoas imunizadas com Astrazeneca, esse percentual é ainda maior: acima dos 90%.
Outros estudos ainda apontam que o risco de desenvolver quadros de trombose é maior entre os infectados pela Covid-19 do que entre os vacinados. E se isso não bastasse, a chance de morrer por Covid-19 é maior entre os não-vacinados do que entre os vacinados. Prova disso são os dados levantados pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Segundo os números levantados pelas duas universidades, atualmente, oito a cada dez pessoas que morrem por Covid-19 no Brasil não receberam nenhuma dose da vacina contra a doença. Ainda de acordo com os dados, mais de 81% das pessoas internadas com Covid-19 no Brasil não se vacinaram. E de acordo com o governo do estado do Rio de Janeiro, em dezembro de 2021, a taxa de mortalidade entre as pessoas não-vacinadas contra a Covid-19 foi três vezes maior quando comparada às pessoas vacinadas.
E bem, a descoberta da variante Ômicron não muda em nada a situação. Quando comparada às outras cepas da Covid-19, a variante é menos mortal e mais contagiosa (seguindo a rota natural da maioria dos vírus). Apesar disso, ela ainda pode causar casos graves e mortes. E de acordo com a diretora do Departamento de Imunização da Organização Mundial de Saúde (OMS), Kate O’Brien, pessoas não vacinadas já representam de 80% a 90% dos casos graves e das mortes causados pela variante Ômicron. Ou seja, se infectar com a nova cepa não é lá uma decisão muito inteligente (até mesmo para pessoas vacinadas, uma vez que as vacinas não promovem uma imunidade esterilizante e você nunca sabe quando pode ser o “bilhete premiado” da vez. Basicamente, é a mesma coisa que brincar de roleta-russa).
Além disso, as teses apresentadas nas publicações não se sustentam como provas. Se não bastasse o “falar muito e provar pouco (ou nada)”, essas pessoas simplesmente ignoram todas as mortes causadas pela Covid-19 e as terríveis consequências que a doença pode causar em um ser humano, como as sequelas, muitas vezes, irreversíveis.
Por fim, quando os negacionistas foram confrontados por cientistas e instituições científicas, não conseguiram encontrar argumentos. Em relação à segurança da vacinação infantil, o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), César Eduardo Fernandes, fez questão de afirmar que a audiência pública, convocada pelo Ministério da Saúde, foi uma verdadeira perda de tempo. De acordo com ele, nenhum convidado para a audiência seria mais capaz e preparado para avaliar a segurança dos imunizantes do que a própria Anvisa, órgão responsável por analisar e aprovar medicamentos e vacinas no país (e que já havia aprovado o uso da vacina em crianças). Se isso não bastasse, diversos cientistas também criticaram o uso da expressão “presente de Deus”, usada por negacionistas para designar a variante Ômicron. Além de não ser presente nenhum, dados mostram que a nova cepa é responsável pela maioria esmagadora dos casos atuais. A desinformação é tamanha que, no final, até o próprio Ministério da Saúde acabou ignorando essas pessoas.
Em resumo: a história que diz que as vacinas matam mais do que a Covid-19 e a variante Ômicron é falsa! O que não falta, atualmente, são números mostrando (e provando) o contrário. De acordo com dados do próprio Ministério da Saúde brasileiro, o risco de morrer por Covid-19 é 57 vezes maior do que desenvolver um efeito colateral grave (com risco de morte) pela vacina. O número de mortes causadas pela vacina é quase nulo, enquanto a taxa de mortos pela doença já ultrapassa os 5,5 milhões. Se isso não bastasse, atualmente, o número de infecções e mortes pela variante Ômicron representa entre 80% a 90% dos casos. E no Brasil, cerca de 80% das pessoas que morreram por Covid-19 recentemente foram pessoas não vacinadas. Ou seja, a história de hoje não passa de balela! Vacine-se, adote as medidas de proteção e não seja a próxima vítima.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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