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É falso (e cruel) que menino que foi atacado por uma porca vá ganhar R$ 2 por cada foto dele compartilhada em redes sociais

Criança que teve órgãos genitais comidos por porca vai ganhar R$ 2 por foto compartilhada em redes sociais, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – O menino que teve os órgãos genitais comidos por uma porca vai ganhar R$ 2 para a cirurgia cada vez que a foto dele for compartilhada em redes sociais.

Análise

Há um tipo de fake news recorrente que insiste em circular na internet com o passar dos anos: a que aponta que redes sociais como o Facebook, WhatsApp e Instagram doa dinheiro com base no número de compartilhamentos de fotos de crianças doentes. A de hoje tem requintes de crueldade especiais.

Uma foto de um menino em uma cama de hospital com curativos nos órgãos genitais está circulando junto com uma mensagem que aponta que ele teria sido atacado por uma porca e que iria ganhar R$ 2 por compartilhamento de sua imagem em redes sociais. Leia:

Compartilhe e ajude essa criança por favor ! Essa criança é do Maranhão. Teve seus órgãos genitais comido por uma porca, os familiares pedi para compartilhar pois cada compartilhamento vale 2 reais que podem ajudar na cirurgia de reconstrução. Ajude a compartilhar por favor !

Checagem

Admitimos que ficamos chocados ao nos deparar com a falta de caráter de alguém que cria uma mentira como esta. Por isso, vamos fazer a checagem do conteúdo respondendo a algumas questões: 1) É verdade que o menino da imagem teve os órgãos genitais comidos por uma porca e vai ganhar dinheiro por compartilhamento? 2) Houve algum caso de porca que comeu os órgãos genitais de uma criança? 3) Quais são as consequências destas fake news que falam de pagamento por compartilhamento?

É verdade que o menino da imagem teve os órgãos genitais comidos por uma porca e vai ganhar dinheiro por compartilhamento?

Não é verdade. Já falamos inúmeras vezes que as redes sociais e aplicativos como o WhatsApp não pagam pelo compartilhamento de imagens (principalmente de crianças doentes ou acidentadas). Primeiro, porque seria difícil fazer o rastreamento das mensagens (principalmente no WhatsApp, em que há uma criptografia de ponta-a-ponta).

Segundo, e o principal: é bizarro condicionar a doação de algum valor a uma imagem que expõe uma criança. Nunca uma rede social faria um “marketing” (que beiraria o crime) assim.

Houve algum caso de porca que comeu os órgãos genitais de uma criança?

Infelizmente, houve. O caso, ao contrário do que aponta a mensagem, ocorreu no Ceará e não no Maranhão. A mesma imagem do garoto que está sendo compartilhada apareceu em reportagens da mídia local (que não tiveram a sensibilidade de não a publicar).

Felizmente, o menino se recuperou e não precisa de “doações” para realizar as cirurgias (que foram feitas em hospitais de Iguatu e Barbalha).

Quais são as consequências destas fake news que falam de pagamento por compartilhamento?

A primeira é uma “não-consequência”: ao contrário do que aponta a mensagem, não há a doação dos valores. Além disso, há a exposição de uma criança em uma condição constrangedora (o que fere o Estatuto da Criança e do Adolescente). Por fim, há a disseminação de uma informação falsa que tende, no futuro, a ser utilizada com outras imagens.

Conclusão

A mensagem sobre a criança do Maranhão que foi atacada por uma porca e que precisa de ajuda financeira através de compartilhamentos é uma fake news. O caso ocorreu no Ceará e compartilhar a foto da criança ferida não vai ajudar em nada.

Fake news ❌

Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo e-mail [email protected] e WhatsApp (link aqui: https://wa.me/556192755610).