Boato – Por medo de que robôs ficassem fora de controle, Facebook desligou inteligência artificial que criou linguagem própria.
É inegável que a evolução tecnológica é um caminho de sem volta. A cada dia é possível ver uma novidade. Só que, na mesma medida que causa fascínio, algumas destas evoluções causam medo. E o medo que virou, para alguns, pânico quando uma notícia foi publicada na internet.
Praticamente todos os grandes portais brasileiros noticiaram que o Facebook teria desligado uma inteligência artificial por medo de que ela ficasse fora de controle após criado uma linguagem própria. O enredo, que fez muita gente lembrar da Skynet de O Exterminador do Futuro, fez sucesso na web. Leia uma das versões que circulam online:
Facebook desliga inteligência artificial que criou sua própria linguagem. Chatbots da rede social foram desativados antes que projeto ficasse fora de controle.
A inteligência artificial é apontada por vários estudiosos como um recurso que precisa ser pesquisado com cuidado. E uma notícia recente confirma essa tese: o Facebook desligou um de seus projetos de inteligência artificial nessa semana, após descobrirem que seus chatbots estavam criando sua própria linguagem para comunicação.
Os pesquisadores identificaram que a dupla de chatbots desenvolveu uma forma própria de se comunicar, utilizando padrões e repetições de palavras em inglês.
No entanto, o que chamou mais a atenção dos pesquisadores foi que os bots usaram de artifícios no meio das conversas, fingindo interesse em assuntos apenas para obter o que desejavam. O projeto foi desligado quando a equipe da rede social entendeu que a mudança de padrão tornava difícil demais analisar os dados e adotar o projeto. Assim, antes que o projeto ficasse fora de controle, a inteligência artificial foi desligada.
Facebook desligou inteligência artificial que criou própria linguagem?
Como falamos anteriormente, a história chamou atenção na internet. Mas será mesmo que o Facebook desligou a tal inteligência artificial para que ela não “dominasse o mundo”? A resposta é não. Vamos aos fatos.
Antes de tudo, vamos explicar do que se tratava o projeto. De acordo com os pesquisadores, a proposta era treinar “chatbots” (robôs que respondem mensagens automaticamente seguindo alguns padrões) a realizar negociações. Na teoria, a inteligência artificial poderia ser usada, por exemplo, por e-commerces e treinadas para diferentes níveis de negociação.
O grande problema no desenvolvimento aconteceu quando a inteligência artificial começou a perceber nas pesquisas que o uso correto da ortografia não influenciaria nas negociações. Logo, acabou a preocupação com a linguagem formal e as respostas começavam a ser dadas em outros padrões como, por exemplo, muitas palavras repetidas.
Um dos desenvolvedores do projeto, Dhruv Batra, publicou um post explicando que a troca de padrões de língua exigiu uma reprogramação da inteligência artificial. E aí estão os dois furos da bala: 1) De que adianta um chatbot que escreve em um padrão que ninguém entende? 2) Reprogramar não é o mesmo do que desligar.
Ao site Snopes, o pesquisador Michael Lewis reiterou que não houve ter pânico na equipe e que o projeto não foi encerrado. Foram feitas mudanças no chatbot para que ele possa ser utilizado em comunicação.
Resumindo: toda esta história de “robôs” saírem do controle e inteligência artificial negociarem é falsa. Mesmo que parte da mídia tenha comprado a tese, ela não passa de mais um boato que circula online. O Facebook só modificou o projeto porque não o interessava e em nenhum momento houve pânico entre os programadores.
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