Boato – A mais nova ameaça à humanidade é o I-Doser. Trata-se de uma droga digital que está viciando os jovens. É algo assustador.
Um dos grupos mais suscetíveis à desinformação na internet é o de pais que não dialogam muito com filhos adolescentes. É este grupo que cai em histórias como da “Momo”, da “Baleia Azul” e outras.
Agora em 2023, um novo causo está circulando na internet. Ele aponta para uma suposta “droga digital” que estaria “viciando os jovens” Brasil afora. “I-Doser. Droga digital. agora já tem essa de dr0g4s digitais é 4ssust4d0r vejam isso”, diz uma mensagem que acompanha um vídeo.
I-Doser é a nova droga digital que está viciando os jovens?
A história se espalhou novamente agora em 2023 em redes sociais. Porém, o tal alerta aumenta “vários pontos” e o conto já foi desmentido em 2022 por aqui. Relembre o que escrevemos.
Ao ler a história, logo de cara ficamos desconfiados. Isso porque ela apresenta as principais características de fake news na internet, como o caráter vago, alarmista, os erros de português e a falta de fontes confiáveis.
Além disso, histórias falsas sobre supostas ameaças na sociedade não são novidade por aqui. A equipe do Boatos.org já desmentiu inúmeras delas, como a que dizia que um jovem teria morrido após participar de um desafio do jogo Baleia Azul, no Brasil. Também a que indicava que uma droga chamada Morango Rápido estaria sendo distribuída em escolas e, por fim, a que apontava que uma folha de teste de perfume seria uma droga que estaria sendo distribuída por assaltantes no Assaí.
Ao procurar por mais informações, descobrimos que, de fato, o I-Doser existe. Mas não tem nada a ver com o que diz a história. O I-Doser é um programa de computador que produz ondas sonoras e que busca intervir nas ondas cerebrais das pessoas. Com isso, o programa pretende simular o efeito de várias drogas e sensações.
O programa foi criado pelo especialista em psicologia de áudio e música Nick Ashton e lançado em 2005. De acordo com o desenvolvedor, o programa utiliza a técnica das ondas binaurais. A técnica é antiga e foi descrita pela primeira vez pelo físico alemão Heinrich Dove, em 1839.
Apesar de ser bastante conhecida na área física e médica, a técnica não é considerada um conhecimento científico. Isso porque todos os estudos publicados sobre o tema apontaram resultados inconclusivos. Além disso, diversos médicos e estudiosos acreditam que os efeitos produzidos pelo I-Doser, na verdade, sejam resultado do efeito placebo, isto é, da sugestão.
Em 2010, nos Estados Unidos, uma médica e professora chegou a realizar testes com pessoas durante a utilização do I-Doser. O estudo com 4 pessoas demonstrou que o programa de computador não foi capaz de alterar as ondas cerebrais dos jovens. Ainda em 2010, o diretor de audiologia diagnóstica do Hospital Infantil de Boston concedeu uma entrevista onde afirmou que a técnica das ondas binaurais apenas causa uma pequena confusão com a percepção do som. Entretanto, ela não é capaz de alterar as percepções reais do corpo humano.
Por fim, não podemos chamar o I-Doser de droga. Além do programa não estar listado, no Brasil, como um entorpecente, os sons não são capazes de causar nenhum efeito parecido com os das drogas. No máximo, o I-Doser pode provocar sensações, assim como qualquer música.
Resumindo: é falsa a informação que aponta que uma droga chama I-Doser é a nova ameaça à humanidade. Trata-se de uma fake news que desmentimos em 2022 e tivemos que a recuperar aqui.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 9275-5610
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